27/05/2020 14h26 - Atualizado em 27/05/2020 14h28

Coronavírus: cafeicultores adotam medidas de prevenção no campo

Foto: Claudio Costa/ Seag

Muitos agricultores mudaram os hábitos de trabalho no campo devido à pandemia do novo Coronavírus (Covid-19) e passaram a adotar medidas de segurança para evitar contágio no período da colheita do café. Para auxiliar nesse trabalho, eles contaram com as orientações contidas na cartilha lançada pela Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), em conjunto com vários parceiros que atuam no setor cafeeiro do Espírito Santo.

Em Patrimônio do Quinze, distrito de Nova Venécia, o produtor Luciano Zanotti, seguiu à risca as orientações contidas na cartilha. Para iniciar um novo dia de trabalho, antes do embarque nos veículos de transporte, é realizada uma triagem com a medição de temperatura corporal dos trabalhadores. Caso sejam identificados trabalhadores com sintomas de gripe (febre e sintomas respiratórios), eles são isolados por 14 dias.

"A cartilha foi fundamental para nos orientar no momento da colheita. Acredito que se todos os produtores seguirem à risca todas as medidas, teremos uma colheita com qualidade e segura", disse o produtor Luciano Zanotti

Na hora da colheita, assim como no refeitório e nos banheiros, os trabalhadores mantêm a distância mínima de um metro entre si, e o uso de máscara é contínuo. Todos eles utilizam os equipamentos de forma individual, assim como todos os utensílios. O pagamento tem sido feito de maneira escalonada ao longo da semana ou do dia, evitando filas e aglomerações.

Em Marilândia, um produtor instalou um reservatório com água limpa e sabão para higienização de mãos e partes expostas sempre que necessário. “Em Colatina, a grande maioria dos produtores já está tomando as precauções. Nós enviamos a versão digital da cartilha pelos grupos de mensagens e estamos entregando nas propriedades rurais também. A grande maioria faz uso de álcool 70%, máscaras e mantém o distanciamento na lavoura entre uma pessoa e outra para diminuir o risco de contaminação”, afirmou Anderson Marim, extensionista do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) no município.

Para o secretário de Estado  da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, Paulo Foletto, a cartilha é fundamental nesse momento. "O Espírito Santo é o segundo produtor de café do Brasil e primeiro produtor de conilon, essa atividade é extremamente importância para a agricultura capixaba. Em um ano atípico em que uma pandemia tomou conta do mundo, ver os produtores adotando as medidas de prevenção contidas na cartilha, é a esperança de que passaremos por esse momento de forma segura. O trabalho no campo não pode parar, mas é necessário que todos continuem seguindo as orientações", pontuou.

Abraão Carlos Verdin Filho, que é pesquisador do Incaper e coordenador técnico de cafeicultura, lembrou que além das orientações quanto à saúde das pessoas envolvidas na colheita, a cartilha destaca aspectos técnicos que ajudam a melhorar a qualidade do café.

“O café demorou um pouco mais a ser colhido porque os fatores climáticos a partir de outubro foram muito positivos para que isso ocorresse. O produtor que colheu um pouco mais tarde teve mais rentabilidade, porque o grão cresceu mais, teve um peso maior, uma peneira maior, como a gente diz. Além disso, o grão ficou mais tempo na planta, e a qualidade deste café é maior com certeza”, explicou Verdin.

O pesquisador do Incaper também destacou os cuidados com a mão de obra. “Na cartilha, o cafeicultor tem todas as orientações a respeito da contratação de mão de obra em relação a transporte, alimentação e distanciamento, por exemplo. Sugerimos que o produtor não contratasse pessoas que fazem parte do grupo de risco e colocasse equipamentos com água e sabão para a higienização adequada dos trabalhadores. Além disso, a gente sugeriu também que, em vez de contratar gente de longe, que o cafeicultor priorizasse as pessoas da região. Isso favorece vários aspectos: valoriza a mão de obra local e evita o deslocamento de pessoas. E mais: indicamos para que produtores orientassem seus colhedores de café para cada um usar seus próprios utensílio e seus próprios equipamentos: sua garrafa de água, sua peneira, seu grupo de sacaria numerada... e guardar para que todos esses cuidados fossem, de fato, efetuados”, completou Verdin.

Segundo Verdin, as orientações são bem recebidas pelos produtores, e estão sendo colocadas em prática. “Praticamente todos os cafeicultores do Espírito Santo estão adequados ou se adequando às indicações. A cartilha é fundamental para que o produtor tivesse uma direção segura, e não enfrentasse problemas sanitários ou trabalhistas na propriedade. A cartilha é muito positiva neste sentido. Assim, desejamos a todos os cafeicultores capixabas uma boa colheita, sem problemas em suas propriedades. Logo, logo vamos passar por este momento difícil e estaremos juntos novamente nos eventos, nos encontros, visitando as propriedades de café, e trabalhando juntos novamente pelo desenvolvimento do nosso estado”, informou Verdin.

Sobre a cartilha:

A cartilha foi lançada recentemente pela Seag, em conjunto com vários parceiros que atuam no setor cafeeiro do Espírito Santo, e traz recomendações de prevenção e estratégias para evitar a contaminação e transmissão da doença durante a colheita do café deste ano.

Equipes da Seag, Incaper e do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf) estão visitando propriedades rurais capixabas para entregar a cartilha.

Texto: Vanessa Capucho e Juliana Esteves

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