A parceria entre o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf) e o curso de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias (PPGCV) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) tem gerado frutos. A partir da análise epidemiológica dos dados de notificações das doenças em animais de produção disponibilizadas pelo Instituto, uma equipe de médicos-veterinários da Universidade tem gerado informações que embasam materiais científicos. Como resultados parciais, dois trabalhos foram apresentados este ano em eventos nacionais e internacionais.
Em julho, o coordenador do projeto, professor dr. José de Oliveira Carvalho, realizou a exposição de poster sobre “Doenças de notificação causadoras de aborto em bovinos no Espírito Santo no período de 2012 a 2022”, durante o Encontro Anual da Sociedade de Estudos de Reprodução (Society for the Study of Reproduction – SSR), que aconteceu no Canadá.
No mês de novembro, a médica-veterinária Gabriela Ponath Peruzzo, mestranda do PPGCV/Ufes, realizou a exposição do poster sobre “Análise epidemiológica de casos de raiva em animais de produção no Espírito Santo notificados ao Idaf no período de 2012-2022”, no Simpósio de Pesquisa e Extensão de Doenças Infecciosas do Programa de Pós-graduação em Doenças Infecciosas da Ufes. O trabalho ainda foi selecionado para apresentação oral e premiado com menção honrosa como destaque do evento.
De acordo com o diretor-presidente do Idaf, Leonardo Monteiro, a aproximação entre academia e as instituições do governo são um caminho importante na geração de conhecimento. “Além disso, é extremamente relevante na prática da administração pública, visando à tomada de decisões técnicas e políticas baseadas na ciência”, destacou Monteiro.
A subgerente de Epidemiologia e Análise de Risco do Idaf, Luciana Zetun, informou que, por meio do Sistema Brasileiro de Vigilância e Emergências Veterinárias (e-Sisbravet), são compiladas informações sobre notificação e ocorrência de doenças, como raiva, Anemia Infecciosa Equina (AIE), mormo, Febre do Nilo, tuberculose e brucelose. “Dispomos de uma diversidade de dados, que muitas vezes não conseguimos parar para analisar e embasar nossas ações. O resultado desses trabalhos que estão sendo desenvolvidos certamente contribuirá para melhor planejamento, execução e avaliação das ações de prevenção, controle e tratamento das doenças, bem como para estabelecer prioridades”, destacou Luciana Zetun.
Os dados de que o Idaf dispõe são provenientes de vistorias, inquéritos epidemiológicos e monitoramentos, além de atendimento às notificações de suspeitas de doenças nos animais, entre outros.
Gabriela Ponath Peruzzo explicou que foram analisadas notificações de doenças obrigatórias em animais de produção recebidas pelo Idaf no período de 2012 a 2022. A pesquisa integra a parceria formalizada entre Idaf e PPGCV e compõe o projeto de mestrado da médica-veterinária, com orientação do professor José de Oliveira Carvalho e coorientação do professor Dirlei Molinari Donatele, do Departamento de Medicina Veterinária, do Centro de Ciências Agrárias e Engenharias (CCAE) da Ufes.
“Todas as notificações já foram compiladas, resultando no registro de 46 enfermidades que acometeram animais de diversas espécies, como bovinos, equinos, suínos, aves, abelhas e ovinos. As doenças que geraram mais informações foram raiva, brucelose, tuberculose bovina, mormo e AIE, em função da maior ação de vigilância ativa e passiva. Diante disso, buscamos nos aprofundar nas análises estatísticas e na distribuição geográfica por município, com a confecção de mapas”, explicou Gabriela Peruzzo.
No caso específico da raiva animal, foi avaliada a correlação de casos positivos (de 2020 a 2022) com a variação de altitude e a porcentagem de pastagem dos municípios, com base nas coordenadas geográficas disponibilizadas pelo Idaf.
O professor Dirlei Donatele destacou que esses materiais são valiosos e certamente contribuirão para um apoio estratégico nas ações de vigilância animal, além de serem fonte importante para a produção de material científico e didático. Para o professor José Carvalho, o trabalho tem extrema importância, pois, a partir das informações geradas, podem ser implementadas ações de proteção da saúde animal, da economia e, principalmente, da saúde humana.
Como próximos passos ainda será aplicado questionário epidemiológico a produtores que tiveram casos positivos de raiva em suas propriedades nos últimos três anos. Essa etapa visa compreender quais características da propriedade podem atuar como fatores de risco para a ocorrência da raiva em animais de produção.
Texto: Francine Castro
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